quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Totalmente Inocentes - Nacional | 2012

Descrição:
A comunidade do DDC está em guerra. O branquelo Do Morro (Fábio Porchat) e o travesti Diaba Loira (Kiko Mascarenhas) disputam o poder na comunidade. Alheio a isso, Da Fé (Lucas D’ Jesus) acredita que precisa se tornar o chefe do morro para conquistar o amor de Gildinha (Mariana Rios), sua musa. Tudo piora quando o atrapalhado repórter Vanderlei (Fábio Assunção) forja uma capa que vai dar o que falar. A história traz ainda Felipe Neto como um narrador em intervenções pontuais.


Trailer:

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Duração: 1h:31min


Crítica:
Totalmente Inocentes é ruim. Profunda, incontestável, gigantesca, pavorosa, inapelável, estúpida, absoluta, assustadoramente ruim.

Bem, existem filmes que são tão dolorosamente péssimos que, lá pelas tantas, o espectador começa a rir da estupidez da "obra". É o famoso "tão ruim que fica bom". Sabe, né? Pois Totalmente Inocentesnem isso consegue fazer. Provavelmente, a intenção dos seus realizadores era redefinir os conceitos de "lixo cinematográfico", "desperdício de película", "alienação cultural" e outros quetais, jogando o nível do que já era subterrâneo para dentro da Fossa das Marianas.

Bem, neste quesito, é inegável que eles foram bem-sucedidos. Perto de Totalmente Inocentes, outras comédias do tipo passam a levar um certo crédito. No comparativo, Se eu fosse você vira Cidadão Kanee até E aí, comeu? começa a ficar simpático. Mesmo o título da produção é uma piada sem graça, já que os realizadores são, na verdade, totalmente culpados pelo genocídio em massa dos neurônios do espectador.

Bem, o caro leitor talvez queira que eu argumente: por que é tão ruim? Juro que o filme não merece, mas faço isso em consideração à sociedade. Sinto-me imbuído de um dever sagrado: o de alertar o maior número possível de pessoas para que não gastem seu suado dinheiro nesta compostagem de lixo nuclear que se auto-proclama "cinema".O papel do crítico não é o de dizer o que o espectador deve ou não assistir, mas esté é um caso que romper com a ética da atividade é necessário. Acredite, caro leitor, tu vais me agradecer.

Ok, então, a história (?): os garotos Da Fé (Lucas D'Jesus) e Torrado (Carlos Evandro) moram na fictícia favela do DDC (trocadilho infame com CDD, "Cidade de Deus"). Da Fé é apaixonado pela piriguete Gildinha (Mariana Rios), que também é alvo romântico do novo chefe do tráfico local, Do Morro (Fábio Porchat). Ao mesmo tempo, Gildinha começa a trabalhar numa revista sensacionalista e precisa ajudar um atrapalhado repórter (Fábio Assunção) a fazer uma matéria -- exatamente sobre Do Morro.
Sim, a fita se pretende ser uma sátira do que se convencionou chamar de "filmes de favela" (ainda que enquadrá-los como um gênero seja tarefa espinhosa), tais como Cidade de Deus e Tropa de Elite. Em si, isso não seria problema. A questão é que a escolha das gags é a mais rasa e previsível o possível. Exemplo perfeito desta falta de timing é a montagem da entrevista de emprego: os personagens jogados na tela são estereótipos sem falas engraçadas -- e, para piorar, o "famoso" chamado para dar um molho à cena é... O vocalista do NX Zero! Desde quando alguém achou que seria possível que isso desse certo em termos cômicos? Ou em qualquer termo?

Há de se desconfiar de um filme que precise fazer representações absurdas de homossexuais para tentar arrancar algum sorriso amarelo (sem conseguir). O traficante meio travesti de Kiko Mascarenhas só não é mais vergonhoso no seu exagero porque temos Ingrid Guimarães fazendo uma lésbica aos moldes "piadas de pedreiro" que é patética. A caracterização é tão desrespeitosa que até mesmo o mais furioso e politicamente correto ativista gay vai exclamar um "na época da Vera Verão e das bichinhas do Costinha era muito melhor".

Verdade, aquela época era melhor. Era melhor porque, bem... Existiam atores engraçados. É difícil entender como que Fábio Porchat possa ser considerado humorista. Nunca achei nada de cômico em suas esquetes na Globo, mas o fato é que ele é, de longe, a pior coisa de Totalmente Inocentes. Ele trabalha com um exagero ainda maior do que a já irritante performance dos seus colegas do elenco. Pergunta: sabe aquele seu amigo que todo mundo considera engraçado e para quem dizem "tu deveria ser artista", por mais que só o círculo de amizades dele o ache realmente hilário? Pois então: ele é melhor humorista que Porchat.

Quer mais motivos? Os grafismos que invadem a tela querendo criar um visual pop, mas que se limitam a coraçõezinhos flutuando e a infográficos nas explicações do personagem Torrado, evidenciando um conceito mal-desenvolvido no roteiro. Mais? Quando deveria crescer, a narrativa é quebrada para mostar uma esquete (péssima) em que as crianças "brincam" de Tropa de Elite, o que reforça o desleixo dos três (sim, três) roteiristas com a condução da história. Mais? O desperdício do pouco que havia de promissor -- como colocar Leandro Firmino e Fábio Lago, respectivamente os intérpretes dos bandidos Zé Pequeno e Baiano, como uma dupla de policiais que não tem uma réstia de cômica.
Mas se todos estes motivos ainda não foram o suficiente para convencer alguém, conto-lhes um episódio curioso: a sessão para a imprensa em que assisti a esta atrocidade foi interrompida a poucos minutos do fim da projeção por falta de luz. Normalmente, quando isso acontece, o público reclama. Aqui, soaram gritos aliviados e espontâneos de "graças a Deus".

Não nos faz falta -- não é preciso ver um filme assim até o fim para atestar que os envolvidos nele estão condenados à eternidade das chamas do inferno do cineastas, onde as almas perdidas são obrigadas a ver reprises infinitas dos filmes de Ed Wood (para descobrirem que até o "pior cineasta de todos os tempos" fazia coisas com mais valor de entretenimento do que Totalmente Inocentes).



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